quarta-feira, 26 de setembro de 2012



DIOGO MAINARDI E FERREIRA GULLAR SÃOS OS “CARAS”!


O primeiro jornalista e escritor; o segundo escritor e poeta. Dois “caras” que eu conhecia superficialmente e que pelo que escreveram, agora tive oportunidade de conhecê-los melhor e dar o valor que cada um merece por tudo aquilo que puseram no papel.
De Diogo Mainardi, sempre tentei ler suas crônicas, que escrevia na revista “Veja”. Mas sempre sentia suas críticas agudas como espinho de caatinga, que não se conforma apenas em ferir e quando ele fere e você tenta retira-lo, ele fere e rasga a pele para aumentar o sofrimento.
Nas ultimas semanas, li de Diogo Mainardi o livro “A Queda” no qual o escritor relata em linguagem crua e pungente a vida de seu primogênito Tito, que nasceu em Veneza, Itália, com paralisia cerebral. O pai tem acompanhado - par e passo - o desenvolvimento da vida de seu filho, vítima de lamentável erro médico. Vale a pena ler.

Mas, nesta assentada, gostaria de falar sobre a ultima entrevista de Ferreira Gullar que li nas páginas amarelas da revista “Veja”, edição 2288, de 26/09/2012. Sempre vi em Ferreira Gullar um homem feio para os padrões de beleza ocidental. Alto, magrela, rosto comprido, enrugado. Cabelos brancos e compridos. As sobrancelhas grossas escondem olhos pequenos e as mandíbulas salientes, o rosto encovado. Se não fosse maldade, poderíamos comparar seu rosto enrugado, com rosto hidratado de uma múmia.

 Mas, Ferreira Gullar supre a feiúra (se é que existe), com vantagem, por notável beleza interior. Nobreza de caráter, dignidade, lealdade, desprendimento.
 Na entrevista ele se desnuda inteiramente. Fala de ideologia política, do capitalismo desvairado do século XIX e do fracasso do socialismo comunista. Expõe sua vida familiar com generosidade, realçada pela inteligência, cultura e erudição.

 A primeira pergunta da entrevista termina com uma questão intrigante: ... “Como se deu sua desilusão com a utopia comunista”? Ferreira Gullar, responde: “Não houve nenhum fato determinado. Nenhuma decepção específica. Foi uma questão de reflexão, de experiência de vida, de as coisas irem acontecendo, não só comigo, mas no contexto internacional.”. Ele continua: ...”O socialismo fracassou”... O fracasso do sistema foi interno “....”Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou, só alguns malucos insistem ao contrário”
.Em seguida, ele responde a pergunta: “Por que o capitalismo venceu?” O capitalismo do século XIX era realmente uma coisa abominável, com um nível de exploração inaceitável”. Fala sobre a revolta das pessoas contra aquele tipo de capitalismo. Cita o Manifesto Comunista de Marx, de l848. A luta dos trabalhadores, o movimento sindical, a tomada de consciência dos direitos, “tudo isso fez melhorar a relação capital e trabalho.”
. Esqueceu-se, entretanto, de mencionar a doutrina social da Igreja Católica, as Encíclicas, principalmente a Rerum Novarum, de Leão XIII, sobre a condição de vida dos trabalhadores e prega a conciliação entre capital e trabalho.
 Na época do Manifesto Comunista, já tínhamos mais de mil anos de mil anos de doutrina Cristã. A influência do Cristianismo para que o mundo descartasse a insinuante doutrina comunista e aproximasse as relações entre patrões e empregados - não se tenha dúvida - foram decisivos para a humanização do capitalismo. Mas, Ferreira Gullar, conclui sua resposta, de forma magistral: “O socialismo foi um sonho maravilhoso uma realidade inventada que tinha como objetivo criar uma sociedade melhor”.
“O capitalismo não é uma teoria. Ele nasceu da necessidade real da sociedade e dos instintos do ser humano. Por isso ele é invencível. A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural indiscutível.”

Quando responde sobre sua vida familiar, fala da aflição que o possiu quando seu filho Paulo desapareceu em Buenos Aires, por ocasião de seu exílio. Lembra do misto de frustração e alegria ao reencontrar o filho numa prisão. Fala também das crises psicóticas quando Paulo entrava em surto e tomado por alucinação, quebrava tudo que via pela frente.
Finalmente, responde sobre poesia e fala da necessidade de inspiração para escrever: “poesia não nasce da vontade da gente, ela nasce do espanto, de alguma coisa da vida que eu vejo e que não sabia. Só escrevo assim. Se estou na praia, lembro meu filho que morreu. Ele via aquele mar, aquela paisagem. Hoje estou vendo por ele. Ai começo um poema... Os mortos vêem o mundo pelos olhos dos vivos.”
 
Se Barack Obama tivesse o privilégio de ler Ferreira Gullar, penso que certamente repetiria o que disse a Lula: “Você é o Cara”.  (perwal, 28/09/2012).

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

É PIMAVERA

Tarde emburrada.

Talvez pela falta de sol.

A natureza inda não percebeu que é primavera !


quarta-feira, 19 de setembro de 2012



 Penso no 45.
Não como simples número mas como síntese de idéias, um caminho seguro a seguir rumo ao bem comum. Não consigo vê-lo numa unica pessoa ou num grupo, vejo-o como ideal de um povo que raciocina e não como massa inerme, fácil de ser manipulada, objeto de manobra.Sou 45, ele é o meu universo.
Jornal “Correio de Uberlândia


A coluna “Opinião” do jornalista Ivan Santos, leio com assiduidade. Nela chama a atenção a atualidade de temas, a capacidade de síntese, linguajar fácil, escorreito e, às vezes, uma fina ironia de seu autor, que não machuca. Tudo como manda o bom jornalismo.

Na edição de 15/set/12, despertou-me curiosidade o tema: “Máximo besteirol moderno”, que enfoca a ojeriza de um pequeno grupo de pessoas dito de ações proativas, que tudo contesta, na tentativa de punir o passado projetado pela historia.
Com deliberada vontade de destruir o que é historia na literatura brasileira, investe contra a obra literária do grande nacionalista, de Monteiro Lobato.

Será que o consagrado escritor, ao colocar na boca da personagem Tia Anastácia a expressão “macaca de carvão”, tinha a intenção de discriminar? Penso que não. Acredito que o festejado escritor usou termo - corriqueiro na época - por força de expressão, sem intuito de ofender.

Aqui, neste Brasil tupiniquim e alhures (EUA), está em moda uma espécie de caça às bruxas protagonizada por uma minoria raivosa que, sem atividade dignificante, quer vingar o passado com a eliminação de expressões em obras literárias, retirada de nomes históricos de logradouros públicos, retratos de paredes e, até mesmo, o crucifixo colocado na parede principal do Supremo Tribunal Federal (STF) ao lado do brasão da republica. Por que incomodar-se tanto com o passado projetado aos nossos dias pela história?
  Concordo com o título da coluna “opinião”, de Ivan Santos: “Máximo besteirol moderno”.
(perwal, 19/092012)

domingo, 2 de setembro de 2012