UBERLÃNDIA - CIDADE JARDIM - CIDADADE - DE TODOS
Na vida há fatos que ficam hibernados na
memória, outros morrem nas trevas do esquecimento. Os primeiros, por algum
motivo, um dia despertam. Às vezes, quando relembrados,eles aparecem numa
seqüência lógica. Outras vezes, lembramos apenas de fragmentos de fatos que
sucederam em determinada época. A última hipótese é a que acontece com os fatos
a seguir narrados.
Minha família (meu pai, minha mãe, e meus
quatro irmãos) migrou de Patrocínio-Mg para Uberlândia, no início da década de
l940, com intenção de aqui permanecer. Numa tarde de sol, desembarcamos da jardineira
do senhor Francisco Merola, na Praça Tubal Vilela e fomos morar na Rua Benjamin
Constant, Vila Operária. Durante o dia, do meio da rua, a gente
avistava a torre da Matriz de Santa Terezinha e podia ouvir as badaladas do sino a
anunciar o tempo - de hora em hora. E, vez por outra, badaladas,em sons e tons diferentes, davam notícia de eventos
importantes que ocorriam na cidade. Em época de chuva, a rua era alagada por
enormes poças d`a gua e à noite ouvia-se o coaxar de sapos que proliferavam
naquelas águas. A rua, pouco iluminada, proporcionava o espetáculo de um céu repleto
de estrelas.
De madrugada, o cantar intermitente de galos
da vizinhança despertava as pessoas para o trabalho. Ao alvorecer, a passarada cruzava o céu em
alegre revoada, a procura de alimento. Vez por outra, boiadas tangidas por
boiadeiros a cavalo, passavam pela rua com destino ao matadouro.
Cidade
de porte médio em relação às demais, com 40.000 habitantes, Uberlândia destacava-se
de outras da região do Triângulo Mineiro pela facilidade de oferecer ocupação como
meio de vida aos seus habitantes, proporcionada pelo empreendedorismo de seus
homens de negócios. Vicejavam as atividades de agropecuária, de uma indústria
ainda incipiente, e um ativo comércio local e com a região.
Na boca do sertão e servida por estrada de
ferro para transporte de carga e passageiros, desde o final do século XIX,
ficava aqui configurada uma região estratégica. A Companhia Mogiana de Estrada de
Ferro chegou a Uberlândia em 1896, com destino a Araguari, para fazer a ligação
de Campinas-SP, com centro-oeste do Brasil.
Quando
aqui chegamos, lembro-me bem, Uberlândia já contava com transporte aéreo de passageiros
explorado pela Vasp (Viação Aérea São Paulo), que fazia rota São Paulo-Goiânia,
passando por Uberaba, Uberlândia e Araguari.
Na
época, minhas primas trabalhavam numa fábrica de fósforos, se bem informado, de
propriedade de Tubal Vilela da Silva. A marca dos fósforos era “Indubrasil” e “Xavante”.
Diziam, à boca pequena, que a indústria não vingou porque a concorrência
colocava as caixas de fósforos na geladeira para inibir a combustão.
Anteriormente, já havia se instalado aqui, uma fábrica de tecidos, conforme
relato de Oscar Virgilio Pereira, na consagrada obra: “DAS SESMARIAS AO POLO
URBANO”.
Com o
desenvolvimento da indústria automobilística, promissor comércio atacadista
aumentava dia-a dia, com Goiás e Mato Grosso. Vias de comunicação terrestres
foram abertas por camioneiros uberlandenses com os pneus de seus veículos, em
inédito e notável pioneirismo dos motoristas de caminhões.
Uberlândia, por muito tempo, ostentou o
título de “Cidade Jardim” e também a fama de “cidade grande” o que nunca foi
desmentido ou contestado por seus habitantes. Estes, aliás, quando fora da
cidade, vaziam rasgados elogios à cidade onde viviam. Mas, isto também, servia
de pretexto para seus detratores dizerem que em Uberlândia até os desastres
eram maiores do que em outros lugares.
O certo é que Uberlândia sempre estendeu
seus braços acolhedores àqueles que aqui aportam. Fato que justifica seu rápido
crescimento populacional e o invejável desenvolvimento de seu povo.
A primeira metade dos anos de 1940 foi
marcada pela 2ª Guerra Mundial e pela Ditadura Vargas. Uberlândia não deixou de
sofrer a influência desses dois eventos. O Brasil, ao ter navios de sua frota
mercante afundados por alemães foi compelido a participar da guerra ao lado dos
Estados Unidos da América. Jovens uberlandenses foram convocados e participaram
de combates nos campos de batalha em solo italiano. Ao término da pugna, os jovens soldados uberlandenses, foram
recebidos em festa como heróis nacionais.
Sob o impacto do “Estado Novo”, Uberlândia
teve prefeitos nomeados: Dr. Euclides de Freitas, Vasco Gifone e José Antônio
de Vasconcelos Costa. Este último granjeou grande popularidade por ser bom
administrador e hábil político.
Nova
Carta Constitucional foi promulgada em 1946 e nela, instituído o regime democrático
de governo. Em
1948 tivemos o primeiro prefeito escolhido pelo povo, José Fonseca e Silva, que
governou até 1950. Em seguida, foram eleitos os prefeitos Tubal Vilela da Silva
e Afrânio Rodrigues da Cunha. Uberlândia, nos anos de l950, experimentou grande
desenvolvimento impulsionada pela criação de Brasília por Juscelino Kubstchek
de Oliveira.
Em l959, sob a orientação e direção do
advogado e professor Jacy de Assis, foi instalado o Curso de Direito da
Faculdade de Direito de Uberlândia, - idéia de Homero Santos. Outras Escolas Superiores vieram a seguir. E, para
emancipar a cidade na área do ensino superior, foi criada, com o esforço e
dedicação de uma plêiade de uberlandenses, a Universidade Federal de Uberlândia
(UFU).O
professor Juarez Altafin in “Primeiros Tempos”, obra de sua autoria, discorre
sobre o processo de criação da UFU
(perwal Agosto/2015)
(perwal Agosto/2015)
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