No
julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que discutia se as cotas
raciais nas universidades são constitucionais (" Estado de São Paulo - Ed
27/04/2012 - A24),
o polêmico, inteligente e culto, Ministro Marco
Aurélio, em determinado trecho de seu voto - suponho que se referindo à
libertação dos escravos - disse: " A neutralidade estatal mostrou-se um
grande fracasso."
O termo "neutralidade", no caso, soa como benevolência tendente a acoitar as classes dominantes do governo brasileiro, daquela época. No caso, perdoe-me, seria mais adequado empregar um dos termos: "descaso" ou "omissão".
A libertação dos escravos sem que se proporcionasse aos negros,
condições mínimas: à sua dignidade humana; ao seu desenvolvimento econômico e cultural, é típica de verdadeiro
abandono material, que envergonha a nação brasileira.
A
liberdade, em si, como se constatou, não foi suficiente. Liberdade é
uma palavra bonita - condição inerente ao ser humano - mas, quando não
se sabe o que fazer com ela, passa-se a ser escravo da própria liberdade. Então,
os negros, livres dos grilhões da escravatura, mas desamparados pelo
Estado, passaram a vagar pelas estradas e serem escravos de sua própria liberdade. Impõe-se, realmente, reparar o erro. Penso!
(perwal - 28/042012).
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