quinta-feira, 28 de abril de 2016

No julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que discutia se as cotas raciais nas universidades são constitucionais (" Estado de São Paulo - Ed 27/04/2012 - A24),
 o polêmico, inteligente e culto, Ministro Marco Aurélio, em determinado trecho de seu voto - suponho que se referindo à libertação dos escravos - disse: " A neutralidade estatal mostrou-se um grande fracasso."
O termo "neutralidade", no caso, soa como benevolência tendente a acoitar as classes dominantes do governo brasileiro, daquela época. No caso, perdoe-me, seria mais adequado empregar um dos termos:  "descaso" ou "omissão".
A libertação dos escravos sem que se proporcionasse aos negros, condições mínimas: à sua dignidade humana; ao seu desenvolvimento econômico e cultural, é típica de verdadeiro abandono material, que envergonha a nação brasileira.
A liberdade, em si, como se constatou, não foi suficiente. Liberdade é uma palavra bonita - condição inerente ao ser humano - mas, quando não se sabe o que fazer com ela, passa-se a ser escravo da própria liberdade. Então, os negros, livres dos grilhões da escravatura, mas desamparados pelo Estado, passaram a vagar pelas estradas e serem escravos de sua própria liberdade. Impõe-se, realmente, reparar o erro. Penso!
(perwal - 28/042012).
       

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