terça-feira, 14 de novembro de 2017


BLOCO DE PAPEL EM BRANCO
É um universo imensurável, ainda intocado, a aguçar nossa imaginação: uma donzela no frescor de seus 15 anos, na plenitude de uma virgindade ardente; uma pétala de rosa vermelha, orvalhada, prestes a desfolhar; o primeiro raio de sol a irromper no horizonte, um lugar onde céu  e terra se enlaçam num  terno abraço; acordes vigorosos de Beethoven em contraste com aqueles  lânguidos e maviosos do piano de Chopin; liberdade  com asas de condor a plainar sob  a  plenitude do firmamento, no sempre azul das manhãs de maio - mês do meu encantamento.
Era uma vez um bloco de papel em branco.
(perwal – 14/11/2017)

domingo, 9 de abril de 2017













FASCINAÇÃO DA VERDADE
Verdade é “o que está de acordo com o real; exatidão; sinceridade”, (mini Houaiss). Verdade é fruto de formulação do cérebro de cada pessoa. Então, podemos afirmar que cada um de nós, tem a sua verdade, resultado de entendimento do nosso cérebro sobre fatos. A verdade, na medida em que precisa ser apresentada, jorra da cabeça do ser humano aos borbotões, de forma espontânea, semelhante à fonte de água cristalina. A seu respeito, já se disse: é algo fascinante, Independe de esforço, de raciocínio; é dinâmica, está sempre a mudar, de acordo o tempo e com o resultado de novas descobertas científicas.    Hoje, um fato tido como verdade, amanhã pode não se apresentar como verdadeiro.
 Nos tribunais, verdade e mentira, são fatos sempre confrontados. O último é uma estória. Não passa de ficção formulada pela cabeça do mentiroso. E sendo formulação da mente humana, cada vez que a mentira é narrada tem-se dificuldade de retratá-la com fidelidade. Ela não desponta do cérebro humano com a mesma facilidade de fatos verdadeiros. Nos tribunais, a realização da justiça depende sempre da descoberta da verdade que se manifesta por palavras e textos escritos. A verdade, quando depende de manifestação por testemunha, nem sempre aparece -  ‘‘é a prostituta das provas”. E quando ela não aparece dá margem à  injustiça – salvo em caso de absolvição do réu.
 No Brasil, a condenação dos irmãos Naves, tornou-se fato histórico muito doloroso. Lamentável erro judiciário cometido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, ao julgar, em grau de apelação, pseudo fato criminoso que teria ocorrido em Araguari-Mg. Caso  no qual a verdade ficou oculta por muitos anos. Daí, o provérbio: “É melhor um bandido na rua do que um inocente na cadeia”. Verdade?
 É o que temos para hoje! (perwal)     

sábado, 1 de abril de 2017



DILEMA – O TEMPO PASSA...?


Penso que o tempo não existe.
Por isso não se pode afirmar que ele passa.
Os fatos sim, estes ficam para trás, nas trevas do esquecimento ou, às vezes, no silencio da memória até desaparecerem completa e definitivamente.
Assim, outros eventos surgem, mas logo também se vão ou ficam arquivados e passam a existir somente na memória.  Ocasionalmente, ressurgem em forma de lembrança tênue.
Quando essa lembrança abrolha carregada de emoção, diz-se que é saudade.
Mas o tempo não existe, o que existe são os fatos e sua lembrança que persiste.
Então, o que o tempo? Seria energia inerente aos fatos?  Suponho que nem energia poderia ser. Energia é algo material, sensível e se é material, existe!
O tempo é apenas ficção. O que existe são os fatos que nos faz lembrar o tempo. Mas, se este não existe como lembra-lo?
Por mais que se queira, impossível lembrar o tempo. Objeto de lembrança são os fatos, pois o tempo não existe. Se o tempo existir pudesse seria em forma de energia que nos trouxe do passado e nos conduzirá ao futuro.
Mas, se energia fosse, seria palpável, sensível, existiria e tudo o que existe se transforma, morre. Mas o tempo não morre, portanto, não existe. O que existe são os fatos. Quando naturais, apenas acontecem, quando produzidos, ditos humanos.
Nem mesmo como ficção o tempo poderia existir porque ficção é formulação da nossa mente, é energia, portanto é fato!
O tempo não existe, penso!Mas, para melhor raciocínio, podemos perguntar: O que é fato? – Fato é todo evento, aquilo que acorre.
 Existe acontecimento que não se pode ver nem tocar É etéreo. Mas, a gente pode percebê-lo e saber que acontece. O tempo é assim, acontece... Apenas!
 (Emendado em 11/07/2013)
Udi, agosto/14.2011 - Walter pereira

 
A PRAÇA
Da sacada do meu apartamento posso avistar a praça que fica situada a uns quinhentos metros de distância. - Praça: área urbanizada para descanso e lazer ou, também: lugar público onde se estacionam carros de aluguel.  São estas, além de outras, as definições encontradas em dicionários.  A praça, geralmente, situada no centro de pequenas cidades é constituída de uma grande área em forma de circulo, sem cercas, por onde, em suas laterais, flui a circulação de pessoas e carros. É ponto de confluência de ruas e avenidas; áreas arborizadas, com bancos coletivos. Algumas com chafariz ao centro – fonte luminosa - por onde água colorida é esguichada para cima, atingindo as alturas.
 As praças, no mundo inteiro, são lembradas por fatos ali vividos e eternizados na história.  Alguém disse, a praça é o lugar do povo. Ela serve de palco para fatos alegres e tristes. Espaço onde as crianças ficam à vontade, brincando: correndo pra lá e pra cá, numa alegria contagiante; Lugar de retretas de bandas de música para alegria do povo; preferido por políticos para, no alto do coreto, proferir discursos inflamados, na tentativa de convencer os ouvintes e conseguir votos de eleitores. Mas, a praça é, também, o lugar preferido por ditadores realizar de execuções de suas e vítimas na presença do povo para servir de exemplo.
 A praça a que me refiro, perto da minha casa, é a Tubal Vilela, nesta poderosa e encantadora Uberlândia.  Já foi denominada de praça dos “Bambus”; da “República” “Benedito Valadares” e, agora, “Tubal Vilela”. Mudança de nomes, bem ao sabor das épocas e de seus políticos.
 Seus assentos de granito, antes em forma côncavo/convexo, nos moldes do corpo humano, para melhor conforto - abrigavam quatro pessoas - no maximo. Agora os bancos são em forma de grande prancha de cimento em concreto, dão lugar a idosos, ao abrigo de árvores frondosas, mas sentados em posição desconfortável. Ficam ali manhã inteira a exercitar a memória,  deixando fluir a inteligência em animado jogo de dama e, vez por outra, de xadrez. Alguns apreciam, apenas. Outros, sentados, sozinhos, com pernas cruzadas e mão sustentando o queixo, relembrando, talvez, sonhos frustrados e nunca realizados.
 Segundo alguns, a forma dos bancos foi idealizada e concretizada por engenheiro socialista. Daí, o fato de serem coletivos. A fonte luminosa ficava no centro da praça. Agora, na lateral da Avenida Floriano Peixoto. E suas cores, poucas! Já não nos encantam como aquelas de antigamente. Verdade, ou teria aqui, uma pitada de saudosismo?
 Muitos outros fatos, idos e vividos, poderiam ser lembrados neste espaço. Porém, não pretendo cansar aqueles que, inadvertida, e outros, num esforço estóico, conseguiram ler este texto. É o que temos para o almoço.
(perwal -01/04/2017)      

sexta-feira, 31 de março de 2017



SONETO DOS DEZOITO ANOS



Meu  pensamento dança qual folhagem
Vivo triste nostálgico a pensar
Com os olhos submersos na paisagem                     
Vejo em sonho estrelado céu e o luar

A vida é um crepúsculo tristonho;
Houve tempos de luz e de alegria;
Que venturosa vida que belo sonho;
No tempo em que a saudade era poesia!
                                       

Para que tudo volte a ser como antes
Vivo a sonhar em horas tão tardias
E a  reviver momentos tão distantes.
 (perwal)

sexta-feira, 17 de março de 2017



verdade?
Mulher bonita - olho arregalado
Sempre muito ocupada a trabalhar
Quando sente medo de tarado
Nem sempre se preocupa em falar

domingo, 26 de fevereiro de 2017

CREPÚSCULO

Num tempo não muito distante, o sol embriagado com sua própria luz, descamba desolado para o outro lado da terra e finge morrer no oposto do berço que o viu nascer - um lugar longe do horizonte e muito abaixo da nuvem branca que embaça o firmamento de um infinito azul.

O som dolente do berrante que embarcou na corrente de vento favorável e apeou na curva da estrada a muitos quilômetros distantes, fere o ouvido do carreiro, homem da roça - rústico e valente. E este, ao contrario de outras pessoas, sente não apenas o som rouco e abafado do instrumento de comunicação do boiadeiro. Para o homem que vive, convive e entende a linguagem do boi, animal que suporta a canga e arrasta o carro - longe de ser uma linguagem musical de comunicação - o som rouco e abafado do berrante, mais parece um gemido que penetra a alma de alguém que agoniza com o corpo ferido com espinho da caatinga, fácil de penetrar o corpo, mas para ser extraído rasga a pele para aumentar o sofrimento do sertanejo.

Crepúsculo, mudança do dia para a noite, é uma angustiante fase do tempo que oprime a alma de qualquer ser humano e com mais força e intensidade, a do homem sofrido mas conformado do campo.

Dúvida terrível! - Sonho ou realidade?

Não sei se este fato seria na imaginação um real e fantástico espetáculo de pôr do sol. Ou o crepúsculo seria, então, o verdadeiro espectro de sofrimento? Em verdade, agora percebo o crepúsculo como um tempo de conflito, o fim melancólico da própria vida!

(24/02/2017 – Perwal)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Cheguei!
Acabo de desatar a fita de conclusão de parte da jornada. Encaminho-me ao pódio, aonde pretendo, do alto do pedestal, anunciar em som forte e vibrante, que estou a celebrar oitenta e seis anos.
Feliz!
Porque o pulso ainda pulsa e o coração de menino sem juízo ainda bate forte e descompassado, no ritmo daqueles que se apaixonam pela vida.
Celebração!
Sim, já não vivo. Estou a celebrar a vida sem nenhum arrependimento dos caminhos que escolhi para seguir; os amigos que amealhei no curso da jornada e as tarefas que me foram impostas nesta árdua e dignificante competição.
Horizontes!
Descobri que a pobreza não é virtude, mas, sim, virtude é vencer a pobreza com dignidade cristã. Agora, não posso parar! Retomarei o curso da jornada, sonhando sempre em busca de um horizonte sem fim.
É o que temos para hoje! (perwal)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017



 JUSTIÇA - SEU NOME É TRANSCENDÊNCIA


Com a morte trágica e inesperada de Teori Zavascki, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em lamentável acidente de avião no mar próximo da cidade de Paraty-RJ, surgiu nos altos escalões da República uma questão de natureza jurídica relevante e de elevada dose política. O Ministro Teori era relator do rumoroso caso denominado de Lava jato que envolve nomes ligados a firmas empreiteiras de obras públicas e de políticos da cúpula dos poderes Legislativo e Executivo do Brasil.
Todos nós sabemos, os poderes do Estado são independentes, cada qual com sua natureza e competência, mas são harmônicos também. Tudo previsto na Constituição da Republica Federativa do Brasil. No caso vertente, uma indagação primeira: Quem seria o novo relator do caso Lava jato? – Duas seriam as respostas: a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) indica outro relator, escolhido entre os atuais ministros da Suprema Corte ou poderá aguardar a nomeação do ministro que ocupará a vaga de Teori Zavascki, a ser nomeado pelo Presidente da Republica. Num estalar de dedos, surge especulação de toda natureza envolvendo ética. O Ministro indicado pela presidência do STF teria envergadura moral para substituir Zavascki: homem probo, zeloso, inteligente, erudito e culto. Modelo de magistrado!
A respeito da turma de ministros onde recairá a escolha, diriam fofoqueiros: alguns são useiros e vezeiros em pegar carona em aviões particulares de seus amigos, frequentam com assiduidade, festas promovidas por eles. Em linguagem rasteira e direta, diriam: vive em promiscuidade com um mundo de riqueza onde grassa a corrupção. Estão sempre distantes de uma vida simples e modesta, condizente com a magistratura. Falta-lhes recato, seria o nome. Mas, convenhamos: o homem é um ser social, vive em sociedade. Distante do convívio com seu semelhante não conseguiria ser feliz. O fato de eventualmente frequentar festas, conviver com seus amigos não inibe ninguém de suas condições intrínsecas, de seu foro intimo. Valores inerentes a juiz de Direito ou a Ministro de Estado.
Afinal, o Juiz de Direito é nomeado pelo Governador do Estado e Ministro da Suprema Corte, pelo Presidente da Republica. Por tais fatos, poder-se-ia supor que estariam sempre dependentes das pessoas que assinaram os atos de nomeação? A resposta correta será: Não! A pessoa que o nomeou praticou um ato de autoridade, uma ação impessoal no desempenho de um cargo público. Portanto, um ato de governo. Acrescente-se, Juiz de Direito, antes de assumir o cargo, além de formação específica em Direito, submete-se duríssimo concurso. Ministro do STF, nomeado pelo Presidente da República, é escolhido dentre cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, como reza a Constituição da Republica Federativa do Brasil. Acrescente-se, Juiz de Direito ou Ministro do Supremo Tribunal Federal, ao assumir o cargo, faz juramento de julgar com imparcialidade.
Então, na hora de proferir julgamento, qualquer ser humano, mesmo que não esteja investido da nobilitante função de Juiz de Direito ou de Ministro da Suprema Corte, reveste-se de dignidade, recolhe-se ao mais intimo do seu ser, compenetra-se da importância de seu ato. Alheio a qualquer reputação que lhe possa atribuir, recolhe-se a um lugar só seu, num espaço celestial. É o momento em que o homem, sujeito a toda espécie de intempéries que lhe afligem a alma, transfigura-se; consegue viver um instante de profunda transcendência; hora em que surge na sua alma essencialmente humana, o sagrado espírito de Justiça.
Então, confiar é preciso! (perwal 26/01/2017)

domingo, 8 de janeiro de 2017



















“ESTADO DE NECESSIDADE” - É A TESE!
Depois de ler: “PCC mata 31 em Roraima e divulga cenas no WATSAPP”, manchete de “O Estado de São Paulo”, edição de 7/01/2027, comecei a pensar: estamos vivendo a era “pos-moderna da sociedade”, em tempos de convívio virtual nas redes sociais, de plena liberdade: no sentido de se ter um espaço de ir e vir; de se comunicar livremente um com o outro, em todos os sentidos. Então, liberdade, como espaço útil, mais do que direito inerente ao ser humano, é condição de sobrevivência. Até mesmo nos cárceres, exige-se um mínimo de espaço como condição de sobrevivência, sem o qual não se consegue conviver e nem mesmo, sobreviver.  Nosso sistema de reeducação de infratores das normas de convívio social, nossas leis,  já se disse: - são as melhores do mundo - no papel. Mas em realidade, não se consegue aplicá-las. Elas não se concretizam. Não se tornam fato!
 Há algum tempo, existiu um presídio em Belo Horizonte, chamado de “Lagoinha” que poderíamos denominar de verdadeiro deposito de presos, onde pessoas ficavam encarceradas para “averiguação”, e o numero de presos era tão grande, em estado de superlotação, que os mais fortes eliminavam os mais fracos como condição de sobrevivência. Faz-nos lembrar Lacorder, autor do principio: “Entre o rico e o pobre, o fraco e o forte, a liberdade escraviza, a lei é que liberta” O que está acontecendo em estabelecimentos penais do norte do país, mais precisamente em Manaus e Roraima, por negligência do poder estatal, é o contrário do princípio de Lacorder, em que o mais forte, ante falta de espaço para sobreviver, mata o mais fraco.
 Numa analise preliminar, poderíamos sustentar que aquele que mata, pratica crime. Mas, no caso em tela, em face de superlotação, para defesa do acusado, aparece a tese do “Estado de necessidade”, em que se mata para sobreviver. E, neste caso, não há crime.
 É o que acontece nos estabelecimentos penais do Brasil, ao contrário da manchete do “Estadão! Mata-se para sobreviver. Penso! (perwal)